Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na abertura do Seminário Empresarial Suécia-Brasil – Estocolmo/Suécia
Estocolmo-Suécia, 19 de outubro de 2015
Senhor primeiro-ministro,
Senhores integrantes da minha comitiva,
Integrantes da comitiva sueca,
Senhoras e senhores empresários, senhoras e senhores,
É com grande satisfação que eu participo junto como primeiro-ministro Löfven da abertura desse Seminário Empresarial Suécia-Brasil. Eu tenho certeza que este evento ajudará a fortalecer as relações bilaterais em setores estratégicos entre o meu país e a Suécia.
O êxito de nossas relações depende, certamente, da parceria de nossos governos, mas, sobretudo da confiança, empenho e aproximação entre setores empresariais suecos e brasileiros. O evento de hoje certamente irá contribuir para que isso ocorra.
A parceria entre a Suécia e o Brasil, a parceria estratégica, foi estabelecida em 2009 e renovada hoje. É alimentada por afinidades entre nossos países, mas também por um forte componente econômico.
O intercâmbio bilateral comercial cresceu 45% nos últimos dez anos. Nós temos de ampliar esses números, diversificando a pauta comercial. Existe um potencial para a participação de produtos manufaturados brasileiros e também para se aumentar a presença de produtos manufaturados suecos no nosso fluxo comercial.
A Suécia é um tradicional investidor no Brasil. Suas empresas estão presentes em setores tecnológicos, como é o caso do setor de telecomunicações, o setor farmacêutico, de aviação e de defesa. Entre 2009 e 2014, os investimentos suecos mais que triplicaram. O estoque de investimentos suecos no Brasil soma em torno de US$ 4,5 bilhões.
Não por acaso, São Paulo é considerada por muitos como a “segunda maior cidade industrial da Suécia”. No Brasil todo, estima-se que 70 mil pessoas trabalhem em 200 empresas suecas.
O Brasil continua a ser uma opção segura e atraente para investimentos. Somos um país que oferece grandes oportunidades e possui ambiente de negócios sofisticado e seguro. Somos uma grande democracia. Nossa economia tem fundamentos sólidos e estamos trabalhando de maneira decidida para fortalecer sua saúde fiscal, retomando o equilíbrio, reduzindo a inflação, consolidando a estabilidade macroeconômica, para aumentar a confiança e garantir a retomada do crescimento que em nosso país significou nos últimos dez anos inclusão de mais de 36 milhões de pessoas.
Consideramos fundamentais os investimentos suecos no Brasil porque pretendemos ar de um país em desenvolvimento para uma economia desenvolvida. Sem aumentar a competitividade, portanto, sem inovação e sem educação de qualidade não faremos isso. Daí a importância para o Brasil da parceria e da presença das empresas suecas no nosso território.
Nós, por exemplo, possuímos um dos maiores programas públicos de saúde do mundo. E este programa abre grandes oportunidades para as empresas suecas no Complexo Industrial da Saúde, que conjuga investimentos na produção e na prestação de serviços nessa área. Queremos, por exemplo, atrair empresas suecas para parcerias que promovam a produção local de equipamentos médico-hospitalares.
Outro tema de grande convergência entre nossos países é o desenvolvimento sustentável. Tenho a honra de participar do Grupo de Alto Nível junto com a Suécia nesse que será o grande esforço de combater a mudança do clima na COP-21. Compartilhamos o compromisso de buscar o desenvolvimento econômico com a inclusão social e a proteção dos recursos naturais. Recordo que a primeira conferência sobre clima foi realizada na Suécia, seguida da Rio e agora, recentemente, da Rio+20, em 2013. Na Rio+20 nós definimos a compatibilidade entre crescimento e inclusão social, entre crescimento e sustentabilidade. Daí definimos os princípios de que é possível crescer, incluir, conservar e proteger. Juntamente com eles definimos também a necessidade de substituição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pós-[2015]. Daí a importância do convite feito pela Suécia ao criar o Grupo de Alto Nível para contribuir para a implementação dos ODSs.
Contamos com o apoio do setor empresarial nesse processo, contamos especialmente no que se refere à diversificação das fontes renováveis, das fontes energéticas renováveis, contamos com o fomento à agricultura de baixo carbono, com as políticas de reflorestamento e com a própria redução do desmatamento. Este apoio é essencial e resultará, certamente, em aumentos de produtividade em nossos países.
Senhoras e senhores,
A aproximação entre Suécia e Brasil ocorre no momento em que dinamizamos nossa cooperação em inovação com o projeto Gripen NG para a Força Aérea Brasileira. Essa aquisição corresponde também ao maior investimento sueco no Brasil na atualidade, relacionado ao desenvolvimento do conjunto de aviões-caça.
O Grupo Saab anunciou investimentos significativos para a construção da fábrica em São Bernardo onde serão produzidas as estruturas das aeronaves. 46 engenheiros brasileiros iniciaram suas atividades na sede da Saab, em Linköping, fábrica que hoje visitarei. A chegada desses engenheiros à Suécia marca o início de um trabalho conjunto para o desenvolvimento e produção dos novos aviões.
Nós queremos aproveitar todo o potencial dessa parceria. Queremos inclusive reproduzi-la em outros setores em nossa relação econômica com o incentivo à inovação, à produção industrial e à capacitação de recursos humanos.
Também, o Brasil vai apoiar as empresas do nosso país em seus investimentos na Suécia, realizando missões e eventos que ajudem a identificar oportunidades de negócios. Importantes companhias brasileiras como a Weg, a Fitesa e a Dudalina estão presentes na Suécia. Queremos que sirvam de exemplo para outras empresas.
Senhor primeiro-ministro, senhores empresários, senhoras empresárias,
O Mercosul está preparado para apresentar sua oferta comercial à União Europeia e, a partir daí estabelecer um acordo comercial ambicioso e extremamente vantajoso para ambas as partes. Este acordo abre para a União Europeia e, em especial, para a Suécia todo o mercado da América do Sul. E, certamente, a partir daí funcionará como uma plataforma para o restante do continente.
Como podemos ver, contamos com um relacionamento econômico-comercial bilateral, e mesmo multilateral, denso e dinâmico. Esse é o momento ideal para renovar o compromisso de nossos países de buscar novas oportunidades de cooperação comercial, industrial e tecnológica, de modo a aumentar a competitividade de nossas economias no mercado global.
Diante das alterações nas relações cambiais no mundo, este é um momento também para aproveitarmos a capacidade de exportação que o País apresenta. Queremos funcionar também como uma espécie de plataforma para as empresas suecas em relação a todos os mercados nos quais o Brasil tem uma posição de destaque.
Quero, finalmente, aproveitar essa ocasião para reiterar que nós, o Brasil, esperamos de braços abertos os atletas e visitantes suecos para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Sei que na história dos nossos países e de nossa sociedade a Copa do Mundo de 1958 tem um grande apelo. Houve de fato um resultado não muito satisfatório, mas o Brasil também tem sofrido um resultado que não foi muito satisfatório na Copa que nós mesmos sediamos. Para os países, para as pessoas, para as nações e para os times de futebol o que importa é ser capaz de insistir e de buscar superar algumas derrotas. Essas derrotas são inexoráveis na vida das pessoas, dos países e dos times. Agora, certamente, o que faz um país grande, um time grande e uma pessoa também grande é a capacidade de superar e vencer novamente. Estou certa que tanto a Suécia quanto o Brasil tem todas as condições de vencer no futebol e na vida.
Muito obrigada.