Betim é a capital da dengue
De acordo com especialista, a cada grupo de 19 habitantes, um tem chances de contrair a doença
LISLEY ALVARENGA
Quem mora em Betim, na região metropolitana, tem mais chances de ser contaminado pelo mosquito Aedes aegypti do que os moradores de outras cidades do Estado. A falta de prevenção, o excesso de lixo em vias públicas, lotes vagos sem fiscalização e a quantidade de carcaças de veículos abandonadas em todas as regiões, além da flagrante ausência do poder público municipal, transformaram o município na capital mineira da dengue.
De acordo com um balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), no ano ado, foram notificados 26.028 casos de dengue, sendo que 21.434 tiveram a confirmação da doença. O crescimento em relação ao ano de 2014, que teve 405 confirmações, foi de alarmantes 5.192%.
Na ponta do lápis. A pedido da reportagem, o consultor em análise probabilística e estatística Alisson Batista fez as contas e chegou à conclusão de que, para cada grupo de 19 betinenses, ao menos um sofreu com a dengue em 2015. Os dados também permitem concluir que a chance de um morador de Betim ser afetado pelo mosquito que transmite também o zika vírus e a febre chikungunya é oito vezes maior que a de um morador de Belo Horizonte, por exemplo.
A capital, com uma população de 2.502.557 habitantes, de acordo com projeção do IBGE para 2015, registrou menos casos que Betim, ocupando a terceira colocação no ranking geral. Ao todo, 15.714 registros de dengue foram confirmados em Belo Horizonte.
Já em Contagem, quinto colocado no levantamento e que também tem uma população superior (648.766 habitantes), foram 5.155 infectados – apenas um quarto do número dos doentes de Betim. “Para cada grupo de 19 pessoas em Betim, uma teve dengue. Enquanto isso, em BH, essa chance é de 0,0628%, o que significa que, a cada grupo de 159 pessoas, uma pode contrair o vírus. Já em Contagem, esse número é menor. Para cada 171 habitantes, um tem chance de ser contaminado”, explicou Batista.
Em alerta. Os dados reados pelas autoridades demonstram uma situação alarmante e um quadro de caos na saúde pública betinense. Conforme dados de 2015, a cidade teve 5.570 casos da doença por grupo de 100 mil habitantes, número que extrapola o limite estabelecido pelo Ministério da Saúde, que considera epidemia o número de registros superior a 300 casos para cada 100 mil pessoas.
O ranking da dengue em Minas Gerais ainda coloca Uberlândia, com 662.362 habitantes, em segundo lugar, e Lavras, no Sul de Minas, com 100.243 moradores, na quarta colocação.
Comparação
8 vezes mais chances tem um morador de Betim de contrair a dengue na comparação com quem mora em Belo Horizonte.
Fonte : Lisley Alvarenga / O Tempo