Galo estreia prestes a completar agens por todos os países da Libertadores

O terremoto de 5,7 na escala Richter, ontem, em Arequipa, não foi suficiente para tirar o sono da delegação alvinegra. Mas, em 1978, em plena ditadura militar argentina, maçãs, moedas e crianças tiraram a paz do ex-goleiro João Leite.
Do extremo Sul do Uruguai, ando pela Cordilheira dos Andes e pelo Noroeste da Venezuela, e até a fronteira entre México e Estados Unidos. Hoje, o Atlético estreia na Libertadores 2016 prestes a completar o máximo de destinos internacionais da competição.
Diante do Melgar, no Peru, e posteriormente contra o Independiente Del Valle, no Equador, o Galo completará agens pelos 11 países participantes do torneio continental.
O clube mineiro está na quarta participação seguida na Libertadores, a oitava da história. Hoje, na opinião de João Leite, o Galo tem a seu favor a cobertura da mídia, o que torna as experiências internacionais mais agradáveis.
Titular da meta alvinegro na edição de 1978 e também na fatídica participação em 1981, o “goleiro de Deus” relembra do dia em que o time mineiro visitou o estádio sul-americano mais temido do mundo.
“A seleção da Argentina tinha sido campeã mundial, e o futebol em festa por lá. Nós fomos enfrentar o Boca Juniors e o River Plate pela segunda fase da Libertadores. Naquela época, a competição não tinha a mesma badalação e, para falar a verdade, era uma avacalhação total”, conta.
“Me lembro que, no estádio La Bombonera, o Boca demorava 20 minutos para entrar. Antes, eles mandavam umas 40 crianças ao campo. Elas corriam, atrapalhavam o aquecimento e até chutavam nossas canelas. Era uma bagunça”, completa, relatando que, ao fim da partida, o campo estava cheio de maçãs e pesos argentinos arremessados pelos “hinchas”.
Mas João Leite não presenciou a ditadura militar só na Argentina. Na edição de 1978, o Galo disputou a primeira fase contra o São Paulo e os chilenos Palestino e Unión Española. No Chile, a delegação alvinegra sentiu o clima de terror da população local diante do sangrento governo de Augusto Pinochet.
“Um dia, eávamos em Santiago e amos em frente ao Palácio de La Moneda. Então, vimos um vidro se quebrar. De repente, algumas pessoas começaram a se jogar no chão. Ficamos quietos e sem entender aquilo. Depois, o Mussula, ex-goleiro, que era o nosso supervisor, descobriu que os chilenos achavam que era barulho de tiro”, conta Leite.
Retrospecto
Pela Copa Libertadores, o Atlético disputou quase dois terços de suas partidas em solo brasileiro – um total de 40 jogos.
No exterior, o país mais visitado foi o Paraguai: foram seis jogos contra Olimpia, Cerro Porteño e Nacional. Neste ano, o Galo poderia retornar ao Defensores del Chaco, mas o Guarani foi eliminado pelo Del Valle na fase preliminar.
FICHA TÉCNICA
MELGAR: Daniel Ferreyra; Jesús Arismendi, Edgar Villamarín, Juan Bolaños e Minzún Quina; Alexis Arias, Santamaría, Leudo e Omar Fernández, Zuñiga e Cuesta
TÉCNICO: Juan Reynoso
ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Erazo e Douglas Santos; Leandro Donizete, Rafael Carioca, Luan, Patric (Dodô) e Hyuri; Lucas Pratto TÉCNICO: Diego Aguirre
HORÁRIO E LOCAL: 21h45, no estádio mariano Melgar, em Arequipa (Peru)
ARBITRAGEM: Wilson Lamouroux, auxiliado por Wilmar Navarro e Alexander Leon (COL)
TRANSMISSÃO: TV Globo Minas e Fox Sports
Fonte : Hoje em dia