Tatuadora da desconto para quem deseja cobrir nome de ex

Tatuadora dá desconto para cobrir nome de ex
Maíra Fonte quer dar novo significado ao ado de suas clientes

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Cicatrizes e outras marcas poderão ser tapadas pela metade do preço.

No mês dos namorados, do amor e de Santo Antônio, uma tatuadora belo-horizontina decidiu ressignificar esse sentimento e levar amor-próprio para mulheres na capital. Desde o início de junho, ela oferece a oportunidade para clientes cobrirem o nome do(a) ex, cicatrizes e outras marcas com tatuagens pela metade do preço. A iniciativa foi anunciada pela redes sociais há cerca de dez dias, e, desde então, várias pessoas já entraram em contato, e ao menos nove mulheres foram tatuadas.

“Junho é o mês do amor. Em homenagem ao mês dos namorados, vou dar 50% de desconto para quem quiser cobrir o nome do ex (ou do atual hehehe)!” (sic), escreveu no Facebook a tatuadora Maíra Maia, conhecida como Maíra Fonte Boa, 27, no dia 2 de junho.

Ela afirma acreditar na força de ressignificar um ado e, por isso, decidiu fazer o trabalho. “Para mim, é uma questão de empatia com essas mulheres. De sororidade (união e aliança entre mulheres) mesmo, de saber o que é ar por uma violência e que faz diferença dar outro significado a uma marca no corpo. Ela vai se sentir melhor com ele e vai se relacionar com as pessoas de uma forma diferente”, explica a profissional.

Experiência. Maíra conta que já tinha feito descontos para outras mulheres nessa situação. Ela ressalta que tem uma ligação forte com as questões da violência contra a mulher e com o feminismo e que acaba levando isso para seu trabalho.

“É muito importante, para mim, colocar isso para todas as áreas da minha vida, inclusive no trabalho. Já cheguei a tampar uma tatuagem minha, então sei como é”, revela.

Na última semana, uma de suas clientes conseguiu deixar para trás um episódio de violência e saiu do estúdio com um desenho colorido e feliz. A jovem, que preferiu não ser identificada, é militante da causa animal e optou por fazer o desenho de uma girafa na perna. O bichinho tomou o lugar de uma cicatriz provocada por um tiro de bala de borracha durante uma manifestação.

Maíra conta que usou a própria cicatriz para simular as manchas do animal e integrar a marca ao desenho escolhido. “É uma girafa engraçadinha. Agora tenho uma girafa feliz no lugar”, conta a cliente

Endereço. Para as mulheres que se interessarem, o estúdio fica na rua Estrela do Sul, 221, bairro Santa Tereza. Os contatos podem ser feitos pela página Maíra Fonte Boa no Facebook.

Saiba mais

Trabalho. A tatuadora Maíra Fonte Boa explica que não há como prever o valor da tatuagem, mas que geralmente o trabalho de cobertura é mais caro do que as tatuagens convencionais. Segundo ela, vai depender do que será tapado, do local e do tipo de tatuagem anterior. Ela detalha que,
em alguns casos, é preciso, inclusive, marcar uma seção a laser para clarear o desenho original, antes da reposição. Nesse caso, as mulheres são encaminhadas para outros profissionais.

Relação. Como alguns casos envolvem violência, abusos e traumas, Maíra conta que tenta explicar
todo o processo mais detalhadamente e criar uma relação com cada uma das suas clientes.

Estúdio e coletivos ocupam casa em BH

Em uma casa no bairro Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, Maíra Fonte Boa, 27, divide espaço com dois coletivos – a Casa Estrela do Sul e o Das Mina. Ela também compartilha o estúdio com várias outras tatuadoras e artistas. Como a presença no local é quase totalmente feminina, o trabalho dela também dialoga com o espaço.

Segundo Maíra, o lugar é destinado para mulheres, incluindo as transexuais, e está aberto desde o fim do ano ado. “Aqui funciona uma casa em que a gente consegue formar uma rede maior de apoio e sororidade”, afirma.

Além dos trabalhos de cada artista, o coletivo Das Mina realiza debates em torno da questão de gênero, sessões de cinema e apresentações musicais, sempre dentro da temática. Em junho, a casa organiza um debate sobre pornografia.

No local também funciona um escritório de arquitetura – só com mulheres – e também um escritório de cristaloterapia, uma espécie de terapia usando cristais. Outras tatuadoras trabalham na casa e estão apoiando a iniciativa de Maíra. (BF)

 

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