Por mais que o tremor de terra tenha sido classificado pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) como de menor magnitude, moradora afirma ter sentido a vibração causada pelo abalo
A cidade de Florestal, na região metropolitana de Belo Horizonte, registrou um abalo sísmico de magnitude 2.4 na escala Richter na última terça-feira (19). Por mais que o tremor de terra tenha sido classificado pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) como de menor magnitude, há quem diga que foi possível sentir a vibração causada pelo abalo.
“Foram dois estouros bem audíveis. O tremor balançou a cama, as portas e as janelas. Os cachorros ficaram nervosos, latindo e uivando muito”, relatou a professora Eliana Vasconcelos Vieira, de 58 anos, que mora na cidade desde que nasceu.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros confirmaram ter recebido relatos de pessoas que sentiram a vibração às 2h15 da madrugada, mas não chegaram a ser chamados para atender ocorrências relacionadas ao tremor. A Defesa Civil e a prefeitura também não foram acionadas para atender casos semelhantes.
Apesar de a região metropolitana contar com a forte atividade de mineração, o tremor registrado em Florestal foi provocado por um efeito natural que pode ter sido motivado por falhas geológicas.
“O que causa os abalos são os esforços das placas tectônicas, que fazem com que as falhas se rompam, provocando um tremor”, explicou o sismólogo geofísico da UnB, Juraci Mario de Carvalho.
Um levantamento feito pela reportagem de O TEMPO aponta que só neste ano, foram registrados ao menos cinco tremores.
“Minas é o Estado que tem mais evento sísmicos no Brasil, por apresentar falhas ativas. O país está localizado no interior da placa Sul Americana. Essa placa está sendo prensada com o choque da placa de Nazca, provocando um esforço em seu interior, onde há falhas ativas, e liberando energia em forma de tremor”, explicou o sismólogo.
O que se sabe é que os abalos sísmicos em Minas Gerais vão continuar ocorrendo, mas não é possível datar o próximo abalo.
“Como as placas tectônicas são dinâmicas e têm o movimento contínuo, elas acumulam energia e liberam em forma de tremor. Ou seja, isso aconteceu no ado, acontece no presente e vai acontecer no futuro. Mas não podemos precisar a magnitude e nem quando irão ocorrer os tremores”, encerrou o Carvalho.
Histórico
A comunidade rural do município de Itacarambi, no Norte de Minas, registrou em 2007 a primeira morte em decorrência de terremoto no Brasil. Na ocasião, uma criança estava dormindo, quando a estrutura da residência caiu em cima da vítima que não resistiu.
Já no dia 2 de maio deste ano, um abalo sísmico de magnitude 3.7 atingiu a cidade de Esmeraldas e foi considerado o maior da região metropolitana.
Além do município, outras 14 cidades, incluindo a capital mineira, sentiram a vibração. Na ocasião, moradores das cidades de Belo Horizonte, Contagem, Betim, Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Ibirité, Juatuba, Matozinhos, Vespasiano, São José da Lapa, São Joaquim de Bicas, Pedro Leopoldo, Igarapé, Brumadinho, na região metropolitana, e Sete Lagoas, na região Central do Estado, se queixaram do ocorrido. Ninguém ficou ferido.