O perigo do namoro virtual

AFLITO
Pai pede ajuda para localizar filha que foi até a Suécia ver namorado
Auxiliar de escritório, que é surda e tem transtorno bipolar, não informou o endereço de hospedagem no país e, de uns meses para cá, deixou de dar notícias periodicamente

polyana

O pedreiro José Adenício Pereira Lima, de 56 anos, morador de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, tem vivido dias de angústia. Sua única filha, Poliana Pereira Lima, de 29 anos, saiu de casa em fevereiro deste ano, com destino à Suécia, para se encontrar com o namorado iraquiano. No entanto, ela não informou o endereço de hospedagem no país e, de uns meses para cá, deixou de dar notícias periodicamente.

Nesta terça-feira (6), após ficar sem contato com a filha por nove dias, o pedreiro recebeu um vídeo dela, onde Poliana aparece chorando dizendo que está bem, mas sem explicar a razão pela qual ficou sem comunicação durante todos esses dias. O pai acredita que a filha esteja sendo mantida em cárcere privado.

A suspeita surgiu assim que a jovem foi para a Suécia. “De lá pra cá, ela sempre me enviava vídeos chorando, com os olhos fundos, uma expressão estranha. Em uma das vezes, ela chegou a dizer que havia apanhado do namorado e até me mandou o vídeo com os hematomas que haviam ficado em seu corpo”, explicou Lima.

No último dia 28 de agosto, Poliana, que é surda e tem transtorno bipolar, enviou uma mensagem ao pai pedindo ajuda. “Ela me pediu socorro. Disse que tinha vários homens lá que não deixavam ela falar. Ela falou, ainda, que, no local onde estava, tinham colchões nas janelas e que nem ela sabia onde estava”, contou o pai, emocionado.

Sem informações da filha, Lima decidiu procurar na última semana a Polícia Federal. “Procurei a PF, mas já me falaram logo que não é de responsabilidade deles. Falaram que era para eu procurar a Embaixada”, lembrou o pedreiro.

Seguindo a instrução, no último sábado (3), o pai de Poliana solicitou ajuda ao Itamaraty. “Depois de procurar por eles, ontem (segunda) eles entraram em contato e disseram para a gente ar mais informações e provas pra eles. Agora que vamos esperar um resultado da Embaixada”, contou Lima.

No vídeo enviado nesta terça, Poliana diz estar bem enquanto é acompanhada de perto do pelo namorado.

Por meio de nota, o Itamaraty explicou que a “Embaixada do Brasil em Estocolmo está buscando contatar diretamente a brasileira, a partir das informações fornecidas pela família, que já a teria localizado”.

Relacionamento

Há três anos, Poliana mantém um relacionamento virtual com o iraquiano. Durante este período, a auxiliar de escritório percebeu que ele mantinha contato com outras duas jovens, uma que também estava na Suécia e outra norte-americana.

“Ela chegou a ter ciúmes da americana, mas depois ‘desistiu’. Porém, ela me contou que, depois que foi para a Suécia, chegou a brigar por causa do namorado com a moça que já estava lá”, explicou o pai.

Família

A mãe de Poliana morreu quando ela era mais nova. Desde então, ela, que é filha única, morava com o pai. Durante os últimos três anos, ela tentou pedir demissão do trabalho, onde ocupava o cargo de auxiliar de escritório, para poder se encontrar com o namorado. No entanto, era sempre impedida pelo pai.

“Só de ela querer sair de casa e viajar para um país desconhecido para encontrar um homem que ela nunca viu na vida, já me deixava preocupado. Eu tentei por várias vezes impedir que ela fosse, mas ela não me escutava. Ela é teimosa”, relatou o pedreiro.

Necessidades especiais

Poliana nasceu surda, mas segundo o pai dela, a auxiliar de escritório aprendeu com a mãe a conversar. Além disso, o pedreiro afirmou que a filha foi estimulada a falar na escola onde foi matriculada no ensino fundamental e médio, e em boa parte da infância.

“Ela fala bem, não tem um bom vocabulário, mas todo mundo a entende. Ela conseguiu se comunicar com o namorado e ele conseguiu aprender com ela. Quando conversávamos, ela me mandava mensagem de texto, áudio e vídeo”, lembrou Lima.

Fonte: O Tempo

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