Suicídios de padres vítimas de síndrome rara assustam o clero
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A dedicação excessiva de padres católicos seguida de frustração por eventuais maus resultados do seu trabalho seria a síntese de um fenômeno que assustada Igreja Católica, em especial no Brasil. Há um mês, em um espaço de duas semanas, três padres cometeram suicídio acometidos pela doença: o baiano Ligivaldo, o mato-grossense Rosalino e o mineiro Renildo. As idades variavam de 31 a 37 anos. A doença já foi material de discussão da igreja há um ano no Clero da Região Ipiranga, em São Paulo.
A síndrome, em síntese, é motivada pela frustração. O nome Burnout (burn= queima e out = exterior), como é conhecida a doença, decorre da frustração que se segue ao empenho acima da capacidade de trabalho. Religiosos, professores, policiais e médicos estão entre as principais vítimas.
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Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições desgastantes de trabalho físico, emocional e psicológico.
A síndrome manifesta-se especialmente em pessoas cuja atuação exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Ligivaldo da Conceição dos Santos, 37 anos, se atirou de um viaduto em Salvador. Ele conversava normalmente com um homem quando, ao dar as costas, o interlocutor o viu se atirar.
O padre Rosalino de Jesus Santos, de 34 anos, foi encontrado morto, por enforcamento com corda no pescoço, pendurada na grade da janela de seu quarto, por volta das 7h desta manhã de sexta-feira, 18 de novembro, no Bispado, localizado rua Antônio João, centro de Corumbá.
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Padre Rosalino: enforcamento no próprio quarto |
O padre Renildo Andrade Maia, morreu no dia 22 de novembro. O sacerdote era vigário da Forania São Gonçalo e pároco da Paróquia Jesus Operário, em Contagem.
Na sua coluna neste domingo, Ana Claudia Guimarães falou sobre o drama dos padres a partir de uma estudiosa no assunto que vai lançar um livro sobre Burnout: Luciana de Almeida Campos, uma psicóloga clínica:
- A autora conta que se deparou, por exemplo, com pastores que, em razão da depressão, abandonaram o pastorado, mudaram de religião, migrando para o candomblé, ou viraram ateus. “Tenho acompanhado a sobrecarga dos religiosos com seus afazeres, pois, ao contrário do que muitos pensam, a vida deles é bastante difícil.” Luciana acentua a solidão dos religiosos como ponto delicado no “incremento do adoecimento”. Em tempo: a síndrome de Burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional, atinge pessoas com dedicação exagerada ao trabalho e quase sempre desejando serem as melhores no que fazem.
Fonte:Conexão Jornalismo