Local registrou primeiro caso seguido de óbito da Grande BH; Na próxima semana, será a vez de Juatuba, onde houve morte de macaco com a doença

Com o objetivo de capturar vetores da febre amarela, técnicos vinculados ao Ministério da Saúde recolheram quase 200 mosquitos em Medeiros, na zona rural de Esmeraldas, nesta semana. Foi esse o local provável de contaminação de um homem de 48 anos que morreu por causa da doença na cidade em fevereiro, o único caso de óbito registrado na região metropolitana de Belo Horizonte até agora. Na próxima semana, os técnicos vão realizar o mesmo serviço em Juatuba, também na região metropolitana, onde houve morte de macaco confirmada para a febre amarela.
“Nós capturamos uma quantidade significativa de mosquitos, de todos os gêneros, que vão ser encaminhados para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, que vai fazer testes para saber se eles estão contaminados por febre amarela”, explicou José Otaviano Madureira de Almeida, um dos técnicos.
Os serviços foram concluídos nessa sexta-feira (11), e, de acordo com Almeida, três tipos de armadilhas foram utilizados para capturar os insetos: as ovitrampas, substância com cor e cheiro capaz de atrair as fêmeas do mosquito, o gelo seco e o puçá, uma espécie de rede utilizada para a busca ativa dos vetores.
De acordo com balanço divulgado nessa sexta-feira (11) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), 288 casos e 109 óbitos foram confirmados em Minas Gerais. A morte em Esmeraldas foi comprovada no último dia 24, e a vítima era um residente de Contagem, na região metropolitana, que ou 11 dias a trabalho em Medeiros, região cercada de matas. “Desde então, estamos recebendo número maior de doses, em torno de 3.000 a cada semana. Até o momento, mais de 6.000 pessoas foram imunizadas”, disse a coordenadora de Atenção Primária da cidade, Kaity Magalhães.
Extensão. O trabalho de captura dos insetos será iniciado na próxima terça-feira, em Juatuba, onde um mico-estrela foi encontrado morto, por febre amarela, no dia 12 de fevereiro, na comunidade de Jardim da Boa Vista, na zona rural.
De acordo com a SES, o objetivo das ações é realizar a vigilância entomológica da febre amarela e identificar os potenciais vetores, além de entender o ciclo da doença. De acordo com a pasta, não há previsão dos resultados dos exames sobre a contaminação dos insetos, mas “as ações de prevenção e controle são realizadas independentemente desses resultados”.
Fechados. O parque e o mirante das Mangabeiras, o parque da Serra do Curral e o parque Jacques Costeau, na capital, que foram interditados em fevereiro por causa da febre amarela, seguem fechados.
SAIBA MAIS
Dados. Até o momento, 288 casos de febre amarela foram confirmados em Minas Gerais, em 49 municípios, e outros 744 permanecem em investigação. Há 188 óbitos suspeitos da doença, sendo 109 confirmados.
Epizootia. Um total de 94 municípios mineiros têm mortes de macacos por febre amarela confirmadas. Entre eles, quatro estão na região metropolitana de Belo Horizonte: Betim, Contagem, Juatuba e a própria capital.
Imunização. Em Belo Horizonte, 16 macacos foram encontrados mortos e tiveram exames enviados para análise. Dois tiveram confirmação para febre amarela até o momento, encontrados nas regiões Oeste e Venda Nova.
Imunização. Um novo posto extra de vacinação, no Centro de Saúde Noraldino de Lima, na região Noroeste, começa a funcionar na próxima segunda-feira, entre 9h e 20h30. Há postos também na Unidade de Pronto-Atendimento de Venda Nova, aberto entre 7h30 e 20h30, no Centro de Saúde Betânia, que funciona entre 9h e 17h30, e no Centro de Referência do Trabalhador, no Barreiro, aberto das 8h às 20h30.
RECOMENDAÇÃO
Vacina em bebê após os 6 meses
Bebês com idade a partir de 6 meses já podem se vacinar contra a febre amarela em Belo Horizonte e em locais onde há casos em humanos ou morte de macacos confirmados para a doença. Diferentemente do cronograma normal de vacinação, que determina duas doses ao longo da vida, nessas situações a criança deve receber três doses da vacina.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a nova orientação, válida desde o último mês, é vacinar as crianças com idade entre 6 meses e 8 meses e 29 dias, repetindo a dose aos 9 meses e aos 4 anos – idades em que as vacinas são aplicadas em situações normais. Deve haver um intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
Para as mães que estejam amamentando, a vacinação não é indicada até a criança completar 6 meses. As mulheres que forem vacinadas durante o aleitamento devem suspender a prática por, no mínimo, 15 dias – preferencialmente, por 28 dias, conforme o Ministério da Saúde. “Nesse período, a mulher deve fazer a ordenha do leite, para evitar secar, já que o leite é produzido por demanda”, explicou a obstetra Inessa Beraldo, diretora da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais.
Entenda. A vacina de febre amarela é contraindicada para grávidas, visto que é feita com vírus vivo, que pode ser prejudicial para o bebê. Em casos de surto, a imunização deve ser avaliada por um médico.
Balanço. Até a última terça-feira, 515.545 pessoas já haviam recebido a vacina contra a febre amarela na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Em todo o ano ado, foram 140 mil.
FONTE: O TEMPO/ Rafaela Mansur